Capas de “Encontro com Rama”. Qual a melhor?

Capa da editora inglesa Golancz

Capa da editora americana Ballantine

Capa da editora inglesa Golancz

Já que a postagem anterior trouxe prós e contras em relação a capa que a Aleph fez para a sua edição, aproveito para — agradeço a colaboração do Calife e do Delfin — trazer três capas, duas delas feitas por uma editora americana e a outra inglesa. A terceira ainda vou descobrir quem fez… :)… a atualização no post não deve demorar.

Não sei se podemos comparar capas com apelo subjetivo a capas com apelo objetivo.

De qualquer maneira, manifestem-se e digam qual capa é, para vocês, a melhor.

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29 Respostas to “Capas de “Encontro com Rama”. Qual a melhor?”

  1. Ataide Tartari Says:

    Tenho a versão pocket da Bantam que mostra a Endeavour se aproximando de Rama com o sol ao fundo. Entre as três, prefiro a da Golancz.

    A da Aleph não é mal, mas demanda uma legenda para os não-iniciados… 😉

  2. Marcello Branco Says:

    A primeira capa, a da Golancz, é de autoria de Rolf Gunther Braun. Foi usada na primeira edição do livro no Brasil, publicada em 1976. Sensacional!

  3. Carlos Angelo Says:

    Eu ficaria com a primeira, se tivesse de escolher apenas uma, mas acho ambas muito boas mesmo.

    Uma capa de ficção científica deve ser o mais realística possível, de modo a manter a compatibilidade com a verossimilhança, um dos princípios do gênero e aquele que o distingue das demais formas de literatura fantástica.

    Creio que o ideal mesmo sejam aqueles desenhos que imitam uma fotografia a tal ponto que, em um primeiro momento, ficamos em dúvida sobre se tratar de uma foto de algo real ou de um desenho de algo imaginado.

  4. Marcello Branco Says:

    Faltou dizer que a editora foi a Nova Fronteira. Editora que, aliás, publicou dezenas de livros dele entre meados dos anos 70 e 90.

  5. Marcello Branco Says:

    Uma curiosidade: Antes do romance ser publicado como livro, ele saiu em partes (acho que três), na revista “Galaxy”, a partir de setembro de 1973. Eu tenho esta edição que traz na capa a, talvez, primeira ilustração sobre o livro, de autoria de Brian Boyle. E traz na capa: “Rendezvos with Rama: Pre-Publication Scoop – New Novel by Arthur C. Clarke Author of 2001: A Space Odisey”. Acho que vou até fazer uma camisa desta capa!

  6. Brontops Says:

    Gosto da última.

    As duas primeiras remetem a coisa de adolescente dos anos 80. Acho antiquadas.

    A capa precisa instigar, sugerir, atrair… Discordo da questão da necessidade de uma capa “verossímil”.

  7. Tibor Moricz Says:

    Nada a ver com capas, mas tudo a ver com Rama:

  8. Helena Says:

    Eu também prefiro a última, mais criativa, mas colocaria um detalhe colorido que remetesse à FC. Acho lindos desenhos em preto e branco com detalhes em cor.

    Este negócio de capa é muito subjeivo – eu sou artista plástica e curto estranhezas então minhas capas preferidas sempre terão um toque de arte e de mistério

  9. silvio Says:

    Essa ultima, criativa e simples, foi feita pela designer Sanda Zahirovic, com direção de arte de Lucie Stericker, publicada pela Gollancz/Orion Pub Group em 2009. Legal é ver a série de capas desenvolvidas nessa mesma toada visual. O link é esse http://bookcoverarchive.com/sanda_zahirovic

  10. jorgecalife Says:

    Alfredo Machado, fundador da editora Record dizia que a embalagem de um livro devia ser tão bonita e sedutora quando a embalagem de um sabonete. para atrair o interesse do leitor na livraria. Quem vai se interessar por um livro com um canudo de papel na capa?. isso é delírio de artista gráfico que não está nem ligando se o livro vai vender bem ou não. A capa da Ballantine é uma obra prima. É toda metalizada com um buraco no meio revelando um detalhe da ilustração. Aí a pessoa abre a cobertura metálica e a ilustração panorâmica se desenrola, como se Rama se revelasse ao leitor. O conceito de colonia espacial cilindrica foi copiado por Gerald O´Neill em “The High Frontier” e até hoje é o melhor desenho de nave interestelar ou interplanetária já proposto (ótima proteção contra radiação cósmica durante o trânsito). Essas capas abstratas parecem coisa de autor e editor que tem vergonha de publicar FC e quer esconder que o livro é de FC

    • silvio Says:

      Acho que, como todo produto, se um design de um livro replicar o que já foi feito antes perde valor porque é apenas repetição do que se viu. A capa da Gollancz/Orion é interessante porque quebra esse paradígma de “capa com pintura de FC” que domina a maioria das capas de FC que vemos por aqui no Brasil e no mundo. É misteriosa, não entrega o que é Rama e convida a, pelo menos, uma folheada para conhecer o conteúdo. Imagine uma pessoa que nunca leu “Encontro com Rama” e nunca se interessou por FC (sendo bem extremo mesmo no exemplo). Uma capa instigante com essa chamará muito mais atenção do que uma capa que só replica o que ele viu naquele filme de FC que passou na Sessão da Tarde.
      Mas, como tudo na vida, é uma questão de gosto. Eu gosto da capa da Gollancz porque ela É diferente mesmo. É inteligente (isso você tem que concordar) e faz um uso de tipografia bem inovador.
      Não ando acompanhando a polêmica da capa da Aleph do mesmo livro, mas acho-a igualmente bonita porque reforça tudo aquilo que eu falei anteriormente: O MISTÉRIO. O uso do quebra cabeça circular é um toque bacana que segue a mesma linha do mistério e descoberta que permeia todo o livro. Para mim, essa capa é muito mais FC do que as pessoas esperariam de uma simples capa pintada que mostrasse o interior da nave. Cadê o mistério disso?
      Um designer não é bicho grilo que faz as coisas “na doida”. É um profissional que sabe o que está fazendo. Cuidado com as generalizações, sr. Calife.

  11. jorgecalife Says:

    Nenhuma capa de Rama “replica o que alguém viu na Sessão da Tarde” porque nenhum filme de FC jamais mostrou alguma coisa assim. David Fincher ia tentar filmar “Encontro com Rama” junto com o ator Morgan Freeman mas até hoje não conseguiu apoio para o projeto. Quem vê Sessão da Tarde nunca viu nada como Rama. Pra mim existem dois tipos de capas. As capas feitas por artistas como Michael Wheelan, Sydney Mead ou Douglas Egge e as capas feitas por desgners preguiçosos que usam um programa de computador para criar uma imagem simples, estilo sub-arte moderna e acabam não transmitindo nada.

  12. Hugo Vera Says:

    Tibor
    Eu gosto desta capa aqui ó: http://anuckols.com/wp-content/uploads/2011/03/Book.jpg

    Muito melhor que essas três acima.

  13. Carlos Angelo Says:

    Para exemplificar o que considero uma boa capa de FC, algumas de minhas favoritas:

    http://www.djabbic.co.uk/BookCoverDetail.php?bookCoverID=200

    http://www.djabbic.co.uk/BookCoverDetail.php?bookCoverID=476

    http://www.djabbic.co.uk/BookCoverDetail.php?bookCoverID=199

    http://www.djabbic.co.uk/PanoramaDetail.php?currentEntry=0&totalEntrys=4

  14. silvio Says:

    Gosto é gosto. Tem gente que vai pelo usual, outros arriscam.
    Procurando outras capas do livro (e tem muitas), achei esse link curioso. Uma música chamada Rendezvous With Rama! http://billionsbillions.bandcamp.com/track/rendezvous-with-rama

  15. Zeugmar Zeugma Says:

    Gosto não se põe à mesa, mas também não precisamos comer no chão…

    Eu acho que estas capas antigas reforçam estereótipos e pré-conceitos sobre a FC. Enfim, elas conversam com os fãs de FC quarentões (como eu). Talvez elas pudessem “maravilhar” o leitor, olhe só planetas fabulosos, mundos fantásticos, tapetes voadores, espaçonaves cheias de luzinhas…

    Gosto deste tipo de ilustração clássica. Também são bonitas as ilustrações “belle époque” dos contos de fadas.

    Mas… bem, eu cresci e não sei se existe necessidade de ver a cara da “Friday” na capa do livro, como em um dos exemplos citados pelo Carlos Angelo.

    O sujeito ADULTO que ainda é leitor, em um mundo onde o grosso das histórias está no cinema, deveria ter a capacidade de usar a sua imaginação particular para construir a história do papel. Se ele precisar de ilustrações ou esquemas, o texto não conseguiu ser didático e está “facilitando” as coisas pro leitor.

    Talvez eu esteja exagerando, mas é só notar que poucos livros adultos, exceto os de reportagem ou biografias, usam mão destes recursos.

    Uma imagem simples ou não realista pode ser tão ou mais expressiva que estas. Enfim, a história é que precisa impressionar e não a capa.

    Confesso que eu não ia nem escrever nada, mas é que eu achei uns defensores deste estilo antigo um tanto xiitas demais… Um conservadorismo exagerado para quem quer imaginar o futuro…

    E por último, a capa que mais gostei foi a indicada pelo Hugo Vera.

    Abs

  16. jorgecalife Says:

    É mais que uma questão estética. Em 1977 eu entrei em uma livraria e passando pela estante de pocket books tive a atenção capturada pela capa de um livro chamado “Critical Threshold” do Brian Stableford. Eu nunca tinha lido nada desse autor, mas a capa, de um artista chamado Peter Elson, mostrava uma jovem passeando por uma floresta com a luz do sol filtrando-se pelas copas das árvores e criando um efeito de catedral. Olhando mais de perto a pessoa percebia que as árvores e as plantas daquela floresta não eram terrestres, eram alienígenas, mas a ilustração hiper-realista me deixou curioso, querendo saber mais sobre o que tinha naquela floresta e o que ia acontecer com aquela mocinha. Comprei o livro e ainda acho a capa melhor que a história. Eu nunca teria comprado um livro chamado Critical Threshold se tivesse uma capa cinzenta com alguma figura geométrica no meio. Isso é parte da estratégia de marketing de um editor. Os editores europeus e norte-americanos criam capas atraentes para capturar a atenção do maior público possível. Daí que certos artistas acabaram ligados a obra de alguns autores de FC. Mike Wheelan que fez capas para obras de Clarke e Larry Niven, Bob Eggleton que criou capas lindas para a série Eon do Greg Bear. Ou Jim Burns que fez uma edição ilustrada do Encontro com Rama. Já o editor brasileiro faz livro para vender duzentos, trezentos exemplares, bota um teste Rorsach na capa e se vender vendeu. Meus livros de matemática e física na faculdade tinham capas abstratas, mas eles não precisavam conquistar novos leitores, os estudantes tinham que comprar independente da capa. Com essas capas feias a FC vai continuar vendendo pouco no Brasil, os autores vão tomar um cafezinho na esquina com o dinheiro dos direitos autorais e as pessoas vão continuar debatendo a invisibilidade da FC no Brasil

    • Roberto de Sousa Causo Says:

      Calife, essa arte é realmente fabulosa. Uma das minhas favoritas. Mas é de Tim White, pelo menos segundo o livro “Masterpieces of Fantasy Art” (1986). É uma imagem tão rica que dá pra ficar horas contemplando e viajando dentro de uma floresta que parece orgânica e natural aos nossos sentidos, mas abolutamente alienígena, com uma sugestão de toda uma ecologia diferente. Pra quem não gosta de ver o rosto do personagem, pra não atrapalhar a própria visualização durante a leitura (pfff), ela olha para longe e sua postura é ao mesmo tempo alerta, sexy e determinada. Ela ao mesmo tempo é estranha e pertence à floresta de formas esféricas e envolventes.

  17. jorgecalife Says:

    Ah, outra coisa. Alguém disse aqui que o livro de FC deve ter uma capa “adulta”, para leitores que não precisam de recursos visuais. Depende do livro. “Encontro com Rama” é um livro que pode ser apreciado por gente de todas as idades. E os editores do Clarke não eram bobos, eles queriam uma capa que apelasse para leitores dos 9 aos 90 anos de idade. Editor que ignora uma parte do público potencial de um livro está dando um tiro no próprio pé. E no pé do autor

  18. Arthur Duarte Says:

    Eu discordo completamente de tudo que o Jorge Calife disse. Acho as capas feitas por designers muito mais atraentes e com um potencial bem maior de apelo junto ao atual público que aquelas capas horrorosas estilo “oi, estou nos anos 80, risos, risos” que o Carlos Angelo postou.

    Acho que ao colocar aqueles desenhos mal-feitos que a Devir utiliza é que se está pedindo pra vender 100 exemplares, porque só vai vender pros dinossauros do CLFC. Sério, não sei como alguém aceita lançar aquelas capas que vão ficar no mesmo espaço físico que o trabalhos de warrakloureiro, por exemplo.

    Falar nisso, a odiada Companhia das Letras e a Alfaguara mandam muito bem nas capas.

  19. Roberto de Sousa Causo Says:

    Há algo de genial nessa ilustração de Rolf Gunther Braun, segundo o Marcello. Não na execução técnica, que não é tão sofisticada quanto poderia ser, mas na composição: desde a escada em que descem os astronautas até o círculo do eixo de Rama, forma-se um disfarçado padrão em espiral – forma que sugere processos complexos, gradativos e às vezes turbulentos. A turbulência é ressaltada, também com sutileza, pelas duas espirais de nuvens, e o mistério está presente no ponto de fuga envolto em sombras.

    Mais do que isso, as figuras humanas, com trajes espaciais idênticos, são mais que uma enumeração – são três astronautas mas é como se fossem apenas um que realizasse um movimento em que ele encolhe de tamanho. E nessa condição humana diminuída ele se entrega de frente ao mistério e ao enigma de Rama. Mas nisso ainda há uma outra dimensão, heróica mesmo nessa entrega ao que claramente se caracteriza como fora da experiência do espectador. O personagem se entrega a uma aventura.

    Quanto mais se olha, mais se vê. E como toda boa ilustração narrativa, ela sugere uma história, uma aventura, e acolhe o espectador dentro dela como participante. A arte de Braun captura o sentido do romance, mais do que como representação de uma única cena.

    Na verdade, e muito além da questão de vender ou não vender, essa ilustração é uma obra de arte em si, em diálogo mas autônoma, em relação ao romance. A idéia de que a ilustração editorial seria totalmente dependente e subsidiária do texto escrito é ligeira e superficial. Assim como a idéia de que uma ilustração detalhada ou realista roubaria do leitor a possibilidade de imaginar ele próprio. Essa idéia, além de ligeira e de ser ela própria um clichê crítico, é presunçosa – presume que o leitor é um recipiente vazio. Mas ele, jovem ou velho, ingênuo ou sofisticado, nunca é um recipiente vazio. Mesmo quando se derrama uma visualização hiper-realista nele, há sempre algo ali antes, que vai dialogar com a imagem. Esse diálogo também é enriquecedor e é um prazer a mais, a partir de uma obra de arte a mais, além do texto, que o artista, o diretor de arte da editora e o publisher estão facultando ao leitor/espectador. Ter uma ilustração de capa é algo a mais, não de menos.

    Para muito além da relação imediata de visualização e compra, a capa com ilustração dialoga com sua própria tradição, que é a da iconografia do gênero. Como os artistas interpretam os elementos e o próprio caráter da ficção científica. Aquilo que o leitor imagina pertence só a ele, mas o que o ilustrador visualiza pertence à cultura e ao modo como leitores, fãs e autores se relacionam com o gênero e influenciam a cultura exterior ao próprio gênero. É só pensar em como a FC penetra a propaganda, e o quanto o cinema atual é absolutamente dependente de ilustradores editoriais como John Howe (O Senhor dos Anéis), Douglas Barlowe (Hell Boy 2) e Stephan Martiniere (Star Trek). Sem falar nos campos dos quadrinhos e RPGs.

    Eu realmente espero que a Aleph faça sucesso com este título, e com sua postura de não empregar leitmotifs de FC nos seus livros de FC, buscando um outro público para o gênero. Também espero que a Devir, a Draco e outras que não adotam a mesma estratégia façam sucesso dentro das suas respectivas posturas editoriais de colocar um produto claramente de ficção científica nas livrarias, lembrando ao público leitor que, se ele apreciar FC, sempre terá um espaço dedicado a ele, pra junto do qual voltar. Uma postura tenta conquistar novos compradores, a outra tenta conquistar novos espaços de venda.

    Reclamar de “capas antiquadas” virou moda no fandom, mas é o tipo de crítica na qual o sujeito não precisa comprar o livro, nem ler, nem sequer ir à livraria. Atitude de slacker que posa de expert.

    A noção de que capa conceito e capa ilustração são mutuamente excludentes é mentalidade de Corintians vs Palmeiras, Flamengo vs Fluminense, Brasil vs Argentina – de extremismo absolutamente circunstancial e ética de botequim. O que interessa é que o jogo seja bom — que bons livros estejam sendo publicados, que bons designers e bons ilustradores tenham trabalho. Que leitores que já gostam de FC ou que chegam a ela por outras razões sejam igualmente contemplados.

  20. Cesar Silva Says:

    É curioso como as coisas na FC (e nos quadrinhos) sempre descambam para conceitos comerciais quando faltam argumentos. Logo surge aquele chavão de que fulano não vendeu, sicrano fracassou, temos que fazer tal e tal coisas para ganhar dinheiro, etc. Até quem só publica na internet as vezes vem com essas conversas, que não fazem o menor sentido numa mídia que entrega tudo de graça.
    Sejamos francos: as capas de FC no Brasil não fazem nenhuma diferença porque ninguém compra livros de FC neste país, os livros não chegam as livrarias e, quando chegam, não têm exposição, só se encontra pelas lombadas e olhe lá.
    Houve uma época em que até se vendeu FC por aqui, a gente realmente os encontrava nas livrarias e talvez não fosse por acaso que tinham justamente capas ilustrativas, mas isso é discutível.
    Não sou antipátíco, em tese, nem a um nem a outro tipo de capa, seja figurativa ou abstrata, porque no final das contas, elas só servem mesmo para proteger as páginas internas. A maior parte da FC publicada recentemente podia muito bem ter uma capa em branco, só com o título e o nome do autor, que daria na mesma.
    Como bom publicitário, cobra criada com décadas de janela, NUNCA compro um livro pela capa, porque o que vale é o conteúdo e raramente a capa e o conteúdo estão de acordo.
    De toda a FCB, por exemplo, conto nos dedos de uma mão as capas das quais realmente gosto, entre as quais estão As noites marcianas e Fuga para parte alguma. A GRD teve as melhores e as piores capas da FC no Brasil, mas todos os livros eram invariavelmente excelentes.
    Mas, só para não ficar em cima do muro na polêmica, digo que entre as capas sugeridas neste post, gosto mais da primeira porque foi a edição que eu li. Passei dias namorando a ilustração enquanto lia esse é que é o meu Clarke favorito, e não consigo imaginar o livro com outra capa. Mas é uma questão puramente afetiva; não tem nada a ver com argumentos “marketeiros” que eu abomino com todas as forças.

    • Roberto de Sousa Causo Says:

      Pois é, Cesar. Basta lembrar que a comunidade Ficção Científica no orkut tem 7.350 membros. Se metade deles comprasse 10 livros novos de FC por ano, o que não é nada para um leitor habitual do gênero, todos as editores da área estariam sorrindo de orelha a orelha.

      Está claro que os fãs militantes se mostram comercialmentes irrelevantes, ao mesmo tempo que se manifestam cobrando e exigindo como se representassem uma força comercial indiscutível. Falta aquela forma de senso comum que os americanos resumem em “colocar seu dinheiro onde a boca já está”.

  21. Tibor Moricz Says:

    Acho que falta minha manifestação nessa saraivada de comentários.
    Capas essencialmente conceituais (eventualmente abstratas, ou não) e capas ilustrativas têm sua importância intrínseca. As primeiras surpreendem pela capacidade de síntese de uma ideia ou conceito. As segundas nos presenteiam com um cenário fantástico e exuberante, trazendo-nos o tema diretamente, sem que seja necessária qualquer abstração (mas não a eliminando necessariamente).
    Admiro ambas como expressões artísticas (e não como resultado da porralouquice de um designer bêbado – as abstratas –, como sugeriu o Calife) mas dou às primeiras minha preferência.
    Trata-se de gosto pessoal e indiscutível nos próprios termos.
    Por outro lado, acolho os comentários que apontam as capas ilustrativas como restritivas (posso estar errado? Até posso, mas quem vai negar a lógica do raciocínio? Só uma pesquisa interna e isenta nas livrarias poderia nos dar essa resposta. Enquanto ela não existe, permito-me acreditar nisso). Elas se restringem ao gueto, direcionando-se diretamente a ele. Dialogam com seus leitores diretos, afastando de imediato qualquer leitor avesso ao gênero. As capas conceituais (e acho uma tolice dizer que tanto as conceituais quanto as ilustrativas fazem parte do mesmo balaio, que ambas têm o mesmo peso) tem o condão de, ao menos, fazer um leitor potencial alheio ao gênero se dirigir ao livro e folheá-lo (se vai adquiri-lo, ou não, é outra conversa).
    Dizer que o mercado de FC&F é irrisório e, por isso mesmo, que qualquer capa serve — até mesmo uma em branco —, é outra rematada tolice. Qualquer pessoa minimamente razoável sabe o poder que as capas têm. Assim como as embalagens de sabonete ou de sabão em pó, elas têm a função de atrair o consumidor. De fisgá-lo.
    O Cesar Silva está na profissão errada… rs
    A Editora Aleph e a Editora Devir (assim como a Tarja Editorial e a Editora Draco) têm políticas diferentes na criação de suas capas. Até onde elas são bem sucedidas nas suas escolhas é coisa que está guardada a sete chaves. O resultado de vendas é que poderia dirimir essa questão. Qual das duas vende mais (claro que existem outras variáveis, elas tão ou mais importantes que o objeto dessa discussão)? Quais capas tem mais sucesso no ponto de venda? Qual das duas políticas é mais eficiente?
    Seria bacana se cada um dos editores viesse e nos trouxesse números. Quantos exemplares foram vendidos de Padrão de Contato, Ângela entre dois mundos, Assembleia Estelar, O jogo do exterminador/Orador dos Mortos e Tempo fechado? Quantos livros foram vendidos de A mão esquerda da escuridão, O fim da eternidade, a trilogia A Fundação, O fim da infância e Reconhecimento de padrões? Até onde essas capas tiveram influência no resultado de vendas de cada editora e até onde essa discussão tem valor diante do mercado de FC&F brasileiro?
    Se alguém tem esses números, por favor, apresente-os. Achismos e suposições (inclusive de minha parte) não vão nos levar a lugar nenhum.

  22. Antonio Luiz M. C. Costa Says:

    Para mim, capas como a da Aleph ou o canudo de papel da Golancz servem para leitores maduros, colecionadores de clássicos, que querem ser vistos com livros de aparência sóbria na mão ou em sua estante.

    Mas para atrair os novos leitores, principalmente os jovens (inclusive aqueles que vão se tornar intelectuais e preferir as sóbrias quando ficarem mais velhos), são melhores as capas bem chamativas, figurativas e coloridas (desde que de bom gosto). Destas, a capa antiga da Golancz é um bom exemplo.

    A editora britânica de J. K. Rowling publicou todos os títulos da série Harry Potter com duas capas – uma bem visual e colorida, para as crianças e outra mais sóbria e conceitual, para os adultos que se envergonhariam de ser vistos com um “livro de criança” na mão.

    É a estratégia ideal para um livro de grande tiragem, que quer atingir todos os públicos.

    Para uma pequena tiragem, como é a realidade da FC&F nacional, acho que não tem outro remédio que não fazer uma capa só, visando o público principal. A Aleph, aparentemente, pensa que seu público são leitores veteranos na casa dos 40 anos ou mais, aqueles que leram esses livros nos anos 70 ou 80 e querem tê-los ou dá-los de presente numa embalagem mais refinada. Já editoras que tentam atingir um público de leitores jovens e iniciantes, como a Draco e a Tarja, deveriam preferir capas mais chamativas.

  23. Fco Portela Says:

    Disse tudo, o Antonio. Eu acho que as editoras poderiam utilizar-se das facilidades da internet e pesquisar quais estilos de capas seus leitores preferem em próximos lançamentos.

  24. Fco Portela Says:

    Lembrei quando Comprei O Homem do Castelo Alto, essa nova edição da Aleph, conhecia a sinopse do livro, mas estava em dúvida entre comprar ele ou outros livros. Quando peguei o exemplar na livraria tive que comprar, a capa mais bonita e elegante que esse romance ganhou no mundo. Algumas capas da Aleph são incríveis, outras nem tanto. Mas, também amo a Capa da minha edição antiga da Aleph de Piratas de Dados. Algumas pessoas tem gostos mais flexíveis. Sorte das editoras.

  25. jorgecalife Says:

    Isso mesmo Roberto, a capa do Critical Threshold é do Tim White, eu ainda tenho o pocket e uma reprodução grande num livro da arte do Tim White da Paper Tiger. Mas tem outra coisa que ninguém lembrou. No primeiro mundo os livros tem sempre uma edição em capa dura, e a capa de couro pede um desenho simbólico, tipo esse do Rama em espiral, e por cima da capa dura, coloca-se um folder com uma ilustração bem chamativa para exibição na estante da livraria. A pessoa que compra pode tirar essa cobertura de papel brilhoso, com uma imagem colorida e deixar a capa dura. Aqui no Brasil isso não é possível, porque os livros saem só em brochura com capa de papel mesmo

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